segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mais Filmes!

Austrália

Baz Luhrmann é um diretor com certa originalidade no seu modo de unir cinema e teatro, fazendo seus filmes lembrarem um pouco espetáculos, muitas vezes tendendo para o brega. Nunca assisti sua versão do clássico romance de Shakespeare, mas sou um grande apreciador do belíssimo Moulin Rouge, dotado de cores intensas, músicas harmoniosas, uma Nicole Kidman no auge da forma e o costumeiramente bom Ewan McGregor, para não falar no elenco de apoio, que inclui até mesmo a cantora Kylie Minogue. Como musical, deve um pouco a Chicago, mais bem estruturado e com números memoráveis. Mas o enredo de Moulin Rouge é mais belo. Dessa forma, eu acreditava que Austrália pudesse se assemelhar em algo ao que tinha visto 7 anos antes. E a única comparação justa entre os dois filmes diz respeito ao seu lado teatral. Nos demais aspectos, definitivamente Austrália sai perdendo. Todavia, não é um filme ruim. Conta a história de Lady Sarah Ashley (Kidman), uma aristocrata inglesa que vai à terra dos cangurus visando trazer seu marido de volta e fazê-lo se livrar das propriedades que mantinha no país. Mal Sarah aterrisa na Austrália e se depara com seu marido assassinado. Então ela tem o desafio de atravessar parte do país conduzindo uma boiada para venda no porto antes que o dono de todas as outras terras, o poderoso King Carney, consiga frustrar seus planos. Ambientado às vésperas da II Guerra afetar o país, o filme nos apresenta ao Capataz, interpretado por Hugh Jackman como um homem rude, mas não menos galã. O grande problema da película, que conta com uma direção artística muito boa, de cenários a figurino, reside na indecisão do seu gênero. Há excelentes filmes que flertam com mais de um gênero, mas Austrália hora é uma homenagem a E O Vento Levou (com Hugh Jackman fazendo um razoável Rhett Butler e Kidman uma empalidecida Scarlett O'Hara), hora é um faroeste e hora é até mesmo um filme de guerra. Infelizmente, o novo trabalho de Luhrmann não se dá bem em nenhum dos gêneros. E saí do cinema desejando rever a obra prima de 1939 para me lembrar como é um romance épico de verdade.
3 estrelas em 5



Na Mira do Chefe

Lembro de ver o cartaz desse filme no cinema muitos meses atrás, mas jamais me passou pela cabeça assisti-lo. Afinal, pensei eu, é mais uma comédia boba hollywoodiana. Ledo engano. É uma comédia sim, mas de humor negro e britânico. E estrelada por um elenco soberbo. Mas, principalmente, contando com um roteiro espetacular e apreciador de reviravoltas. Ray (Colin Farrel) e Ken (Brendan Gleeson) são dois assassinos que estão de chegada à histórica cidade de Bruges, na Bélgica (não confundir com Bruxelas, sua capital), sob ordens de seu chefe Harry (Ralph Fiennes), afinal precisam dar um tempo de Londres. Ken é tranquilo e está feliz de poder conhecer os monumentos, prédios históricos e museus de tão antiga cidade. Já Ray está entediado, ansioso para voltar a Londres, e buscando, pelo menos, curtir a cidade de outras formas, como provando a cerveja local, e se envolvendo com garotas belgas, entre elas Chloë (Clémence Poésy, a Fleur Delacour de Harry Potter e O Cálice de Fogo). Farrel e Gleeson montam uma dupla divertida e extremamente harmônica. Fiennes está excelente, como sempre. E até mesmo Poésy surpreende com uma atuação leve, mas satisfatória. Recomendo para aqueles que apreciam um pouco de humor negro e roteiros mirabolantes.
4 estrelas em 5




Rio Congelado

Rio Congelado conta a história de Ray Eddy (Melissa Leo, ótima e merecedora de sua indicação ao Oscar), uma mãe de família que precisa buscar uma fonte de renda maior para melhorar as condições de vida de seus filhos TJ, de 15 anos, e Ricky, de 5. Após juntar dinheiro para comprar uma daquelas casas pré-moldadas americanas, seu marido some com a grana. Na mesma época, Ray acaba conhecendo Lila (Misty Upham), uma índia Mohawk especialista em ganhar um extra atravessando estrangeiros do Canadá pros Estados Unidos, fazendo de carro o caminho entre os dois países que fica no território Mohawk e dependa da travessia de um rio congelado. Lila tem seus próprios dramas pessoais e Ray é uma mulher sofrida, buscando simplesmente um pouco de dignidade. O filme não é excelente, mas é uma bela e triste história, provavelmente similar a de muitas pessoas residentes em lugares fronteiriços, sobretudo com os Estados Unidos (que parece ser o país com mais problemas de imigrantes ilegais, ou ao menos o mais discutido).
4 estrelas em 5



Foi Apenas Um Sonho

Revolutionary Road (detestei esse nome nacional) conta com um time formidável na sua equipe: o diretor Sam Mendes (do magnífico Beleza Americana), sua talentosa esposa Kate Winslet (já declarei aqui o quanto a admiro), o sempre bom Leonardo DiCaprio (ou seja, o casal Jack e Rose do melo$o Titanic), a irregular Kathy Bates (que também faz uma ponta em Titanic, conta com excelentes performances em sua carreira - cito a de Tomates Verdes Fritos, para dar apenas um exemplo, mas também com catastróficas, como sua aparição no recente O Dia em Que a Terra Parou), e o excepcional, para mim desconhecido (ok, acabo de descobrir que vi pelo menos mais 3 filmes com ele, mas juro que não lembrava da sua cara =PPP), Michael Shannon (o único do time reconhecido pela Academia com uma indicação). O filme conta a história de Frank (DiCaprio) e April (Winslet) Wheeler, um jovem casal americano nos anos 50, vivendo o American Way of Life em todo o seu esplendor, ou seja, ele é um trabalhador dedicado, mas frustrado; e ela é uma dona de casa talentosa, mas que gostaria de ter sido atriz. O casal vive na Revolutionary Road, uma rua que parece ter em seu nome um estímulo para que os Wheeler consigam sair do marasmo de suas vidas. E April faz a Frank a corajosa proposta: largar tudo e ir para Paris, viver uma nova vida, ou simplesmente viver. O casal está em crise durante boa parte da projeção e acompanhamos suas discussões volta e meia. Claro, Kate e DiCaprio estão excelentes em seus desempenhos e decididamente mereciam indicações (e eu amaria ver Winslet ganhar dois Oscars num único ano), mas Shannon está fabuloso e original, e teria chances de ganhar caso Heath Ledger não fosse seu adversário. John, seu personagem, tem problemas psiquiátricos, mas ainda assim parece o único além dos Wheeler a perceber que todos ali vivem uma mentira, da mesma forma como vivemos nós aqui no Brasil, seguindo as tendências da moda, comprando as novidades, assistindo os Big Brothers da vida, tendo nossas mentes moldadas pela mídia, necessitando trabalhar em entediantes cargos públicos apenas pela estabilidade desses, afinal quem deseja uma vida cheia de emoções, não é mesmo? Como filme, tem algumas falhas e a direção de Mendes nem chega perto ao seu debute nas telas. Mas este aspecto em especial me tocou profundamente. Me emocionei na sala escura do cinema ao trazer a questão para a minha própria vida. Eu estou feliz na minha profissão? Ou estou caminhando para me tornar um profissional frustrado, como a maioria das pessoas hoje parece ser? Se eu recebesse um convite para ir a Paris (metaforicamente falando), teria coragem de largar tudo e ir? Sempre busquei me enxergar como um tipo corajoso, que seria capaz de passar fome para ser feliz. Mas quando a responsabilidade bateu à minha porta, me acovardei. Há meses faço essas reflexões, que só foram ampliadas pela temática do filme. Mas, deixando a minha vida de lado, o filme é muito bom, apesar de ser carregado pelo elenco.
4 estrelas em 5

Para encerrar, deixo-os com uma belíssima apresentação acústica de minha cantora favorita, a Melanie C, cantando Carolyna, terceiro single de seu mais recente álbum, This Time (2005, o quarto da carreira solo). Quem se interessar, me avise, pois faço questão de divulgar sua música. ;D


2 comentários:

Denise Egito disse...

Elvis,
Ainda não vi nenhum dos filmes, por isso, vou pular esse post.
Beijos

Gilvan disse...

Ainda não cheguei a ver Austrália, aliás, este está longe de figurar na minha lista de prioridades no momento. Contudo, Luhrmann tem crédito o bastante comigo (Vem Dançar Comigo, Romeu e Julieta e o já citado Moulin Rouge) para merecer uma conferida no futuro. O caso é que a sinopse do longa não me traz lá grandes atrativos, lembra estórias que já vi em outros filmes, de modo que por ora vou deixar passar. Verei em outra oportunidade.

Rio Congelado está aqui no PC (valeu, Wolvie XD) e devo ver em breve.

Curti Na Mira da Chefe. Muito bom mesmo. Ótimo roteiro, direção correta e atuações dignas de elogios. E já que vc mencionou o Ralph Fiennes, achei o máximo ele ter sido escalado para interpretar Hades no remake de Fúria de Titãs (Clash of Titans), apesar de olhar com certa desconfiança a escolha de Liam Neeson para o papel de Zeus. Vamos ver no que vai dar.

Já o novo longa que reuniu novamente Dicaprio e Winslet 11 anos após o estrondoso sucesso de Titanic me encantou pelo tema abordado, não desmerecendo de forma alguma as performances dos atores que, justiça seja feita, estavam muito bem em seus papéis. E por falar nisso, confesso que causa certa estranheza acompanhar as brigas e ofensas perpetradas por um casal que até hoje permanece no imaginário mundial como um dos mais célebres pares românticos da história do cinema. Mas deixando esse papo um pouco de lado... Revolutionary Road é de fato um ótimo filme. Também daria 4 estrelas pra ele.
Ah, e eu tenho de concordar contigo em outra coisa, Elvis... o título em português é realmente de uma sacanagem sem tamanho. SPOILER TOTAL! Hunf!!

Tô indo nessa... até!